Higiene bucal dos pacientes ortodônticos

Um dos maiores desafios para o paciente ortodôntico que usa aparelho fixo é manter uma correta higiene bucal. A presença dos brackets, tubos, ganchos, anéis, fios, molas e elásticos favorece o acúmulo de placa bacteriana (biofilme) e dificultam a escovação.

Em crianças e adolescentes o risco maior é o desenvolvimento de manchas brancas (desmineralizações do esmalte), cavidades de cárie e inflamações de gengiva (gengivites). Já nos adultos, o maior risco é de periodontite onde ocorre a perda da integridade dos tecidos de suporte (perdas ósseas).

Para evitar esses problemas desagradáveis que podem ofuscar os resultados do tratamento, o paciente ortodôntico deve incorporar bons hábitos de higiene bucal, que incluem o uso de escovas dentárias, fios dentais especiais, escovas interdentais, bochechos diários com solução aquosa de fluoreto de sódio.

Fio dental: Deve ser usado pelo menos uma vez ao dia, antes de dormir. Mas o ideal seria que fosse utilizado três vezes ao dia, após as principais refeições, junto com a escovação diária. Em função da dificuldade natural apresentada pelo aparelho, onde o arco ortodôntico obstrui a passagem normal do fio dental, o paciente deverá usar um passador de fio dental ou um fio dental especial que já vem com uma ponta mais dura acoplada. O movimento deve ser completo, passando pelos pontos de contato entre os dentes, e limpando bem as faces proximais de cada um, descendo o fio até o fundo do sulco gengival sem forçá-lo e retornando. O fio é então removido puxando-o lateralmente e poderá entrar no próximo espaço. Deve-se ter cuidado para fazer a limpeza seguindo uma ordem, de modo a não deixar espaços sem limpar.

O fio dental também pode ser usado para ajudar na limpeza de aparelhos auxiliares fixos.

Escova interdental – Deve ser usada junto com a escova de dente comum e o fio dental. Como ela tem apenas uma cerda, permite que seja passada ao redor de cada bracket, limpando os quatro lados do mesmo, por baixo do fio ortodôntico, trabalho que a escova comum não consegue realizar. Essas áreas ao redor dos brackets são as mais susceptíveis ao acúmulo de placa bacteriana (biofilme) e, por isso, são os locais mais propícios para a formação das manchas brancas (desmineralização do esmalte), que poderão evoluir para cavidades de cárie.

Técnica de escovação – Recomenda-se a utilização de uma escova com cabeça pequena e com cerdas macias ou extra-macias, dependendo da quantidade de força empregada. O atrito da escova com os acessórios ortodônticos vai levar a um desgaste maior das cerdas e com isso as escovas terão que ser trocadas com mais frequência. Mas não é a força que vai limpar melhor e sim o emprego de um método de escovação adequado.

Existem várias técnicas de escovação descritas na literatura. Uma das mais utilizadas é a que preconiza movimentos de varredura, com a escova formando um ângulo de 45° com a gengiva e sempre com o movimento sendo feito da gengiva em direção à coroa do dente. Deve-se escovar seguindo uma ordem, para não se esquecer de limpar nenhum dente. As faces oclusais dos dentes (aquelas usadas para a mastigação) devem ser escovadas com um movimento de vai e vem. E as faces de dentro (linguais ou palatinas) na região anterior podem ser escovadas com a escova na posição vertical, pois nem sempre há espaço disponível para acomodá-la na horizontal. O ideal seria que a escovação fosse feita pelo menos três vezes ao dia, após as principais refeições. Não se deve colocar muita pasta na escova para não fazer muita espuma e impedir a visualização do local que está limpando.

O paciente ortodôntico, sobretudo os adultos, vão sentir necessidade de fazê-la mais vezes, para remover restos de alimentos presos ao aparelho após a alimentação.

Higienização dos aparelhos removíveis de acrílico – os pacientes devem cuidar bem de seus aparelhos removíveis de acrílico, tais como as placas de expansão, as placas com molas digitais ou os aparelhos de contenção removíveis. Recomenda-se que sejam escovados com a própria escova e pasta usada para escovar os dentes, todas as vezes que forem removidas da boca para serem colocadas na caixa. No caso de não ser possível escová-los da forma indicada, não se deve guardá-los sem que pelo menos sejam enxaguados em água corrente. O armazenamento dos mesmos com saliva, restos de alimento e placa bacteriana (biofilme) são os maiores responsáveis pelo aspecto e pelo odor desagradáveis. Também não se recomenda que o paciente coma ou beba com eles na boca (exceto água).

No caso de precisar de uma limpeza mais eficiente, eles podem ser mergulhadas em líquido antisséptico bucal comum sem álcool (o álcool corrói o acrílico) ou em meio copo de água morna com uma pastilha efervescente de Corega tabs® dissolvida. Deixa-se alguns minutos e pode-se tirá-los, enxaguá-los em água corrente e guardá-los. Nunca devem ser colocados em água fervente nem serem limpos com outro produto químico qualquer, pois podem se deformar e ficarem inutilizados. E lembrar sempre de guardá-los em suas caixas, pois aparelhos removíveis guardados enrolados em guardanapos ou esquecidos sobre móveis serão perdidos ou jogados no lixo.